terça-feira, 17 de junho de 2014

Escrever: o que, quando, onde?

Tem um ano e meio que eu não escrevo aqui, o que na verdade não é nenhuma novidade. Eu tenho uma tendência a abandonar meus blogs. Não é a primeira vez que eu abandono um blog no meio do caminho, deixo de lado, esqueço e vou fazer outra coisa da vida. Isso tem um motivo, e eu sei bem qual: é o motivo pelo qual eu escrevo.
Para muitos, um blog é como um diário. Nele se registra o que acontece no dia a dia. Fiz isso, não fiz aquilo, etc. Para outros, um blog é onde se escrevem estórias, contos, ficções e realidades. Para mim, especificamente, o blog é um desabafo. Escrever é meu refúgio. É como uma terapia que eu faço comigo mesmo. É onde eu boto pra fora o que me incomoda, onde eu conto pra mim mesmo e pra quem quiser ler - e nem são muitos - o que tá ruim e onde precisa melhorar. Não é atoa que meus blogs são, em geral, tristes mas esperançosos. Mesmo num blog onde o tema é falar sobre um brasileiro morando na Alemanha (leia-se: este blog!), eu acabo jogando minhas emoções, tristezas, frustrações, planos e esperanças. Talvez isso tenha sim a ver com mudar pra outro país, mas confesso: a ideia aqui era outra.
Acontece que eu estou feliz. Sim, desde muito tempo eu estou feliz. Tenho uma casa, um amor, um emprego, vida social, falo a língua... Meio que me encaixei nesse novo país que escolhi para viver. Me encaixei bem, diga-se de passagem. Então, desculpem a sinceridade, eu não sinto mais a necessidade de escrever. Porque, mesmo que esse blog seja um espaço público, no fim das contas eu escrevo para mim mesmo. O que é idiota e egoísta, mas eu sou assim. Paciência. E até aí, tudo bem, ninguém lê essa merda mesmo...
Até que essa semana eu conheci um leitor/admirador do meu blog. E pra ser bem sincero, eu nunca imaginei que as pessoas realmente lessem meu blog. Tem um post sobre a língua alemã que é bem acessado, mas não me passou pela cabeça que as pessoas resolvessem ler o resto do blog e se interessar pela minha simples e desinteressante vida. Pois é, pelo visto eu estava errado. Eu estou errado.
Na hora em que eu resolvi escrever um blog, eu resolvi dar alguma coisa para o mundo. Se o mundo vai aceitar ou não, se o mundo vai gostar ou não, não cabe a mim decidir. Não é esse o meu papel. Meu papel é deixar para o mundo um pouco de mim, da minha vida, da minha experiência. Eu tenho que fazer a minha parte.
Mas, caro leitor, se é que você existe, não tire conclusões que eu vou voltar a escrever aqui regularmente. Porque isso também e típico em mim: escrever um post mea culpa dizendo que eu abandonei o blog, que eu vou tentar voltar a escrever, etc. E nós sabemos como essa estória termina. Hoje eu só quero dizer que minha percepção mudou. Que eu vejo as coisas, agora, por um outro ângulo. E que isso pode vir a dar resultados. Quais os resultados, você pergunta? Isso aí só o futuro nos dirá. 
Por hora, só mais um desabafo. E um grande obrigado. A você, você sabe quem você é.